terça-feira, 10 de março de 2009

Sucessão paulista

Montoro, Quércia, Fleury, Covas, Alckmin, Serra. Esse condomínio mdb/pmdb/psdb governa o Estado de São Paulo desde 1983. A era tucana propriamente dita começou em 1995. Covas dizia que ia fazer duas coisas: saneamento financeiro e reengenharia do estado.

O resultado todos sabemos: privatização em larga escala (Banespa, elétricas, Fepasa, Comgás, etc), crescimento exponencial da dívida, demissões e arrocho no funcionalismo e nas empresas estatais remanescentes, ajustes fiscais permanentes em prejuízo do desenvolvimento estadual e da justiça social.

Alckmin seguiu a mesma linha. Dizia que Covas tinha feito a lição de casa e o negócio era fazer o que ele chamava de "ajuste fino". Tudo apoiado na lógica neoliberal da diminuição do tamanho do estado, déficit zero, contração fiscal e pouco investimento.

Com Serra, há uma espécie de perpetuação do reinado tucano no estado. O poderoso apoio da mídia e da elite paulista, a confluência de um apoio quase que institucional aos tucanos paulistas (judiciário, ministério público, burocracia universitária) fazem do estado o principal reduto da oposição conservadora ao governo Lula.

Partidariamente, além do PSDB, DEM, PPS, PTB e outros partidos menores, Serra atraiu para o seu campo a corrente peemedebista liderada por Quércia. Com isso, forma-se uma ampla coalisão de centro-direita, em princípio favorita para as próximas eleições para o governo estadual.

Essa frente tem os seus problemas: o PMDB de Michel Temer, por exemplo, pode migrar para o campo do governo Lula. A escolha do candidato a governador pode abrir fissuras no ninho dos tucanos: Alckmin pode ter feito acordo com o Serra para ser candidato, mas isso depende dos desdobramentos da briga nacional do governador paulista com o Aécio Neves (sucessão presidencial) e da reunificação do PSDB paulista, fraturado nas eleições municipais.

Do lado da oposição, há dois movimentos em curso. O PT busca um candidato. Parece que Lula quer o Palocci, por ser mais palatável para as elites e para romper a marginalização política e social da esquerda em São Paulo, hoje debilitada nos estratos médios e superiores do estado.

Mas há , dentro do PT, quem teme que os desgastes envolvendo Palocci com o caseiro maculem irremediavelmente sua imagem. Articulam por um nome "novo", fora do figurino tradiconal do petismo paulista. Nessa linha, despontam o ministro da Educação, Fernando Haddad, ou algum prefeito ou ex-prefeito (Emídio, Osasco, ou Pietá, Guarulhos).

O PSB e o PDT articulam uma surpresa: lançar o presidente da Fiesp, Paulo Skaff, para governador. Tentam levar o PCdoB para essa via, via bloco de esquerda.

As peças estão em movimento. A polarização básica da disputa eleitoral (campo de apoio ao governo Lula versus oposição conservadora) deve prevalecer também em São Paulo. A pergunta é: um ou dois palanques para enfrentar os tucanos paulistas? A resposta ainda não está dada, as escaramuças iniciais estão apenas começando e muita água vai rolar debaixo da ponte.

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