segunda-feira, 13 de abril de 2009

Economia política

Deve ser da lavra de um economista a frase lapidar de que "a economia é uma coisa séria demais para ficar nas mãos dos economistas". Apoio a ideia, desde que o nosso chefe ao lado seja poupado desse enquadramento.

É uma verdadeira barafunda diária de artigos, análises, teses, tratados, todos procurando decifrar a esfinge: a atual crise do capitalismo. O único consenso é de que a crise é a pior dos últimos 80 anos, vale dizer, vai sangrar mais do que a famosa crise de 1930.

Fora isso, é chute pra todos os lados. Uns dizem que é o colapso do capitalismo, outros, pegos no contrapé, reconhecem, agora, a gravidade da crise, mas não apostam nela como a hecatombe final.

Eu não sou intelectual, portanto não sou obrigado pelo ofício a consumir meu precioso tempo lendo tudo o que se fala a respeito. Prefiro reter o que me parece essencial da análise do PCdoB. E o essencial é que a crise é braba, é maior nos países centrais do capitalismo (EUA, Europa, Japão), mas se propaga, diferentemente da de 1930, por todo o globo; ninguém sabe qual vai ser a duração e a profundidade da dita-cuja, muito menos que mundo emergirá no pós-crise. O que se prevê é que alguma coisa, no mínimo, muda. Multilateralismo, novas arquiteturas regulatórias das finanças, maior protagonismo dos estados nacionais, realinhamento de forças políticas e econômicas e por aí vai...

Não se sabe as consequências políticas da (teste de múltipla escolha) desaceleração, recessão ou depressão econômica. Onde as forças progressistas estão à frente (como na América Latina) haverá regressão conservadora? Onde a direita pontifica (leste europeu) os progressistas ganharão fôlego?

Está tudo muito cambiante, o cenário parece aquela definição do mineiro, segundo o qual a política é como nuvem: você olha, a vê de um jeito, passa um tempo, a formação das nuvens muda...

Uma vez o nosso mestre (JA) puxou a nossa orelha, dizendo que padecíamos de insuficiência teórica, uma relativa incapacidade analítica para interpretar os novos fenômenos do capitalismo em declínio histórico e a emergência do socialismo com todas suas singularidades nacionais. Em poucas palavras; nada de modelo único, transição do capitalismo ao socialismo como etapa relativamente prolongada, caminho próprio de cada país.

De minha parte, lendo um pouco, ouvindo, matutando, fico com a impressão de que os teóricos chineses são os únicos que esboçam interpretações mais avançadas e contemporâneas, na base de libertar as mentes, procurar a verdade nos fatos, deslindar novos caminhos... O socialismo do século XXI, bolivariano, também trilha caminho original, não vanguardeado pelos comunistas.

Vamos ler mais os chineses, com todo respeito para os intelectuais do Ocidente, de todos os matizes. Eles, pelo menos, parecem enxergar para além do horizonte visível do senso comum. E estudar com maior afinco as experiências ditas bolivarianas, sem cair no esquematismo de copiar fórmulas, modelos, caminhos, processos ... O Brasil é singular na economia, na população, no território, na formação histórica, cultural, política ... Cabe a nós forjar a base teórica e trilhar o caminho prático da transição, acumulando na luta política, social e de ideias...

Enquanto isso, vamos ler o Blog do Luciano Siqueira, esse amigo nosso. Ele diz que se a crise for marolinha, haverá dois candidatos fortes, um(a) da situação e outro da oposição, mas se pintar um tsunami pode surgir mais de uma opção para os dois lados em disputa.

Provavelmente ele especula (no bom sentido da palavra) com o Ciro como palanque alternativo para o governismo e, aí é que eu não decodifiquei, um outro nome para o lado da oposição, além do Serra. Quem? Não sei, acho difícil o Aécio e sem ele não vejo ninguém com calibre para disputa dessa magnitude.

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