terça-feira, 5 de maio de 2009

PUC

Hoje de manhã, participei de uma mesa sobre reestruturação produtiva. Foi com uma turma de doutorandos em Ciências Sociais da PUC/SP. Compartilhei a exposição com um professor da área, todos sob o tacão de uma professora-doutora em Ciências Sociais e coordenadora dessa turma de futuros doutores.

Não vou resumir o debate, que durou três horas, mas fiquei impressionado com o conservadorismo político dos titulares do curso. Há uma certa aversão à interpretação marxista do capitalismo e de seus múltiplos fenômenos.

A professora chegou a afirmar, de forma peremptória, que o socialismo e o comunismo fracassaram e a única alternativa é o capitalismo, mesmo com todas suas crises. Com relação ao desemprego crescente, ela propõe flexibilização dos direitos trabalhistas, mais terceirização, profunda reforma sindical e amplo movimento de empreendedorismo, já que o trabalho como o concebemos está com os dias contados.

Com um professora como essa, imaginem que tipo de formação teremos ... Fiz as minhas contestações, polarizei bastante a discussão, mas foi só hoje, o resto do tempo ela reina absoluta com seus títulos acadêmicos para dar ares de veracidade às suas posições pró-capital.

Um comentário:

  1. Nivaldo,
    Isto não é surpresa, só para você ter idéia no currículo da Ciências Socias da UERJ, Marx só é visto em disciplinas eletiva, isto é, uma pessoa pode se formar em ciências sociais sem NUNCA ter lido Marx.
    Meu mestrado foi em Sociologia e Direito na UFF, com ênfase em sociologia do trabalho, foi um tremendo curso á época,porém as brigas dos marxistas com os pós-modernos eram horríveis e juntou com a reforma da previdência de 2003 onde os marxistas ( a maioria) se aposentou de lá.
    Não é privilégio de São Paulo, aqui não existe nenhuma linha de sociologia do trabalho que vá analisar dialeticamente a questão da reestruturação produtiva, se bobear vão achar que é uma coisa boa. Existe uma Associação Nacional de pós graduação em pesquisa em ciências socias e frenquentava o grupo referente a reestruturação produtiva e sindicalismo, fui como ouvinte uns 3 ou 4 anos. Ficava ouvindo os trabalhos serem apresentados e NUNCA ouvi a palavra CLASSE , LUTA DE CLASSE muito menos, é assustador.!!!
    Não foi a toa que escolhi fazer meu doutorado no serviço social da UERJ onde lá somos vistos como "direitistas", é até engraçado, mas pelo menos estudamos Marx a fundo e minha pesquisa sobre mercado de trabalho no norte fluminense segue as categorias de historicidade, mediação ,contradição, ouvir sociólogo do trabalho hoje em dia, está complicado, claro que ha´excessões, mas estão cada vez mais raros.
    Como não conceguem analisar do geral para o particular, isto não há quem coloque na cabeça , a sociologia do trabalho acabou virando uma sociologia das profissões, e tudo vai se fragmentando mais ainda.

    um dia mando minha dissertação para você ,foi sobre a reestruturação produtiva bancária, pois trabalhei no Banerj 7 anos e vivi a privatização.

    beijos
    Márcia

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