terça-feira, 3 de novembro de 2009

Berliner Mauer e Wall Street

Depois do fim da II Guerra Mundial (1945), o mundo entrou em uma bipolarização envolvendo dois blocos: um liderado pelos EUA e outro pela antiga União Soviética.  Esse período histórico duraria cerca de 44 anos.

No imediato pós-guerra os EUA lançaram uma ofensiva contra os países socialistas. Dois exemplos: a Doutrina Truman, a cruzada anticomunista do então presidente americano Harry Truman e o Plano Marshahl, do secretário de Estado George Marshahl, destinado a recuperar a destroçada Europa Ocidental.

Em resposta, a União Soviética criou o Kominform, articulação dos partidos comunistas, e o Comecon, integração econômica dos países socialistas do Leste Europeu. No plano militar os EUA constituíram a OTAN (1949) e os soviéticos o Pacto de Varsóvia (1955).

O símbolo mais visível da bipolarização foi o Muro de Berlin (Berliner Mauer, em alemão), construído em agosto de 1961 e que separava fisicamente a República Democrática Alemã (oriental) da República Federal da Alemanha (ocidental).

Alguns historiadores e analistas consideram que o fim da guerra fria e o início da hegemonia unipolar dos EUA tem como data emblemática a queda do Muro de Berlin, ocorrida em 9 de novembro de 1989.

Nesse período, praticamente todos os países tidos como socialistas do Leste Europeu desabaram. Francis Fukuyama, ideólogo do imperialismo americano, chegou a profetizar o fim da história. Era a Nova Ordem Mundial, proclamava Bush pai.

Pela lógica do pensamento imperialista, o capitalismo derrotara definitivamente o socialismo, a "democracia" liberal era o ápice da evolução da humanidade e o mundo iria ingressar num período de paz, prosperidade e felicidade.

Vinte anos depois, a reviravolta! Ironicamente, fala-se agora na queda de outro muro, desta vez a "Wall Street", a famosa rua localizada na ilha de Manhattan, distrito financeiro de Nova Iorque e sede da Bolsa de Valores dos EUA.

A monumental crise que sacudiu o coração do capitalismo, a partir dos EUA, e outros acontecimentos políticos relevantes, parecem também apontar para o fim da hegemonia unipolar dos EUA e o início de uma nova arquitetura de forças no mundo, resumidamente denominada de mundo multipolar.

Na esteira da atual crise, onde trilhões de capital foram queimados, a hegemonia do mundo se desloca progressivamente do Ocidente para o Oriente. A disputa mundial é compartilhada pelos EUA (ainda os mais poderosos), a China, cada vez mais forte,  a Europa, o Japão e até mesmo países como o Brasil, a Índia, a Rússia e a África do Sul.

Hoje quem parece morimbundo é o capitalismo. Ressurge com força a ideia do socialismo renovado, adaptado às particularidades de cada país. A presente crise é um golpe demolidor no neoliberalismo, a versão atual do capitalismo.

As profecias de Fukuyama foram parar na lata do lixo e os livros de Marx são procurados com avidez. Estão em gestação processos políticos, econômicos e sociais que podem fazer a roda da história andar para a frente. 

C'est la vie...

Um comentário:

  1. Caro Nivaldo, coisa de meses atrás a insuspeitável revista Veja cobriu o encontro dos neoliberais do mundo no Rio Grande do Sul, por ora convertido em ninho macabro de falsos tucanos - sim, porque verdadeiros são aquelas adoráveis aves de nossa exuberante fauna. Sem dúvida que nesse encontro em que o Civita assumiu ares de paladino da liberdade do mercado e da imprensa estava presente o impagável Fukuyma, a quem devemos a hilariante piada do fim da história, na qual, felizmente para nós, o Bush, que não entende piada nem de história e - dizem as boas línguas - nem de inglês, acreditou. Li a "entrevista" do "impagável" na "insuspeitável". Numa palavra: patéticos, amos. Mas, caramba, te pergunto, burguesia já não teve ideólogos mais qualificados?

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