sábado, 5 de junho de 2010

A China

Aproveitei o feriadão e reli o informe de Hu Jintao ao 17º Congresso do Partido Comunista da China. A quem interessar possa, apresento as seguintes notas, por achar que elas tenham, por analogia, algum interesse no debate sobre o Brasil. Alerto que o texto não tem rigor  acadêmico(esta praia não é minha).

Em 1978, data emblemática, a China ingressou em um novo período, denominado de "Reforma e Abertura". Depois de quase 30 anos de construção da Nova China,  o Partido Comunista inicia uma nova grande revolução, com o objetivo de libertar e desenvolver as forças produtivas e modernizar o país.

Os chineses afirmam que tudo isso é produto do desenvolvimento teórico e prático do marxismo adaptado às condições singulares daquele país, desenvolvimento este que contempla três gerações:

1) a primeira é a de Mao Zedong e seu pensamento,  que dirigiu a Revolução Chinesa (1949) e, apesar das vicissutudes da Revolução Cultural, é pré-requisito para a construção da Nova China, que durou quase trinta anos;

2) a segunda é a de Deng Xiaoping, que teve que enfrentar a precária situação decorrente da "Revolução Cultural" (1966/1976). É desse período (1978) o enunciado de emancipar o espírito e procurar a verdade nos fatos. A partir daí, diz Jintao, "se repudiou completamente a errônea teoria e prática de tomar a luta de classes a questão chave e  se desviou o foco do Partido e do Estado para o desenvolvimento econômico e se introduziu a reforma e a abertura";

3) a terceira geração é a de Jiang Zemin. Ele avançou na reforma e na abertura e iniciou a nova economia socialista de mercado. Introduziu também a Teoria da Tríplice Representatividade (* vide conceito abaixo) e o desenvolvimento científico com harmonia social.

Com isso, a China se transformou de uma economia planificada altamente centralizada em uma robusta economia socialista de mercado. Os chineses consideram que, na atualidade, a contradição principal que eles enfrentam são as crescentes necessidades materiais e culturais diante do baixo nível de produção social.

Dessa forma,  o  desenvolvimento passa a ser a prioridade máxima, decisivo para a construção de uma sociedade moderamente próspera, como eles dizem. No balanço feito no 17º Congresso do Partido, o país exibiu crescimento médio anual superior a 10% de 2001 a 2005, houve maior equilíbrio entre as regiões e o nível de vida melhorou. A população pobre, por exemplo, caiu de 250 milhões para 20 milhões.

Mas não param por aí. Os chineses explicam que precisam acertar o passo com os tempos atuais e superar três desafios: o que é o socialismo e como construí-lo, que tipo de Partido devemos construir e como construí-lo e que tipo de desenvolvimento devemos alcançar e como alcançá-lo.

A experiência chinesa talvez seja a mais emblemática dos tempos atuais. A questão de colocar o desenvolvimento em um patamar superior à luta de classes deve ser compreendido, acredito eu, nos marcos específicos de um país em que o Partido Comunista está no poder e luta por harmonia social.

Resumidamente, Hu Jintao elencou estas principais questões em seu informe:

1) Construir o socialismo de caráter chinês;

2) Avançar na Teoria da Tríplice Representatividade;

3) Dar perspectiva científica ao desenvolvimento;

4) Continuar a emancipar o pensamento;

5) Persistir na reforma e na abertura;

6) Promover a harmonia social;

7) Lutar por novas vitórias na construção de uma sociedade moderadamente próspera (até 2020).

(*) Teoria da Tríplice Representatividade, segundo a Rádio Internacional da China.

O PC da China deve "1) representar as exigências do desenvolvimento das forças produtivas na China; 2) representar a direção do avanço da cultura e 3) representar sempre os interesses fundamentais das amplas massas".

A base orientadora do PC da China, segundo o texto da Rádio Internacional da China, é o marxismo-leninismo, o pensamento Mao Zedong, a Teoria de Deng Xiaoping e a Teoria da Tríplice Representatividade.

 

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