domingo, 26 de setembro de 2010

A mídia e as eleições

Quando Fernando Henrique era presidente da República, seu governo tinha, além da maioria nas duas casas do Congresso Nacional, o apoio dos principais governadores e, mais do que tudo, era celebrado pela mídia como grande estadista. Era a época da agenda neoliberal, cantada em prosa e verso como o passaporte para a modernidade globalizada.

Naqueles anos se cunhou até uma expressão - "ditadura do pensamento único" - porque o debate estava interditado e a hegemonia do pensamento liberal não comportava ideias alternativas. O tempo, porém, se encarregou de desmoronar com aquela aparente panaceia universal.

A agenda dita neoliberal se revelou um fracasso. Pífio crescimento econômico, privatizações e desnacionalização da economia, aumento das desigualdades sociais, aumento do desemprego, eliminação de direitos sociais e um rosário interminável de retrocessos.

Em boa parte da América Latina, sucedendo ao flagelo neoliberal, ressurge uma nova agenda, apoiada no desenvolvimento com democracia, soberania nacional, progresso social e integração continental. O resultado disso, principalmente em países como o Brasil, é a grande aprovação popular dos governantes que lideram essas mudanças.

Decorrência óbvia dessa situação, no caso do Brasil atual, é a previsível vitória da candidatura Dilma e de boa parte dos governadores e parlamentares afinados com esse projeto. A votação popular consagra, democraticamente, o apoio e respaldo da maioria às mudanças em curso.

Mas eis que os jornalões e revistas conservadores se rebelam contra os prováveis resultados eleitorais, contestando o sufrágio universal como fiador da democracia. Para eles, reinterpretando os conceitos políticos, a enorme popularidade do presidente Lula é passageira e, mais do que isso, ele não poderia se valer dela para catapultar sua candidata e a continuidade do seu projeto.

Esses cristãos-novos da democracia, que não se pejaram de apoiar a ditadura do país, agora veem fantasmas por todos os lados. A sagrada liberdade de imprensa estaria em risco, um mar de corrupção inunda o país, o aventureirismo autoritário ameaça todas as instituições. É esse país imaginário que vaza no noticiário da mídia hegemônica brasileira.

Para além do calor que as eleições promovem, uma avaliação honesta e isenta da realidade do país aponta para outra direção. Reina a mais ampla liberdade no país, a democracia é robusta, as instituições funcionam plenamente, a economia vai bem, o bem-estar social melhora e as perspectivas para o Brasil são promissoras.

Quem vai mal é a oposição conservadora e seus apoiadores. O resto é marola...

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